quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Os fantasmas de Abu Ghraib

Os fantasmas de Abu Ghraib foi o filme escolhido para a sessão de encerramento, neste semestre (2008.2), do programa CINE EM DEBATE, realizado pelo Colegiado do Curso de Comunicação Social da Faculdade 2 de Julho, com a supervisão do professor Ms Augusto Sá Oliveira. Neste período, as discussões versaram sobre a temática das variadas formas em que a violência se apresenta no cotidiano das comunidades contemporâneas. A última mostra se realiza no dia 21 de novembro (sexta-feira), às 19h00min, no Auditório Cefas Jatobá da Faculdade.
O filme-documentário foi produzido pela HBO, em 2006, com a direção de Rory Kennedy, filha do ex-candidato à presidência dos Estados Unidos, Bob Kennedy, assassinado em campanha no ano de 1968.
Para a realização desta obra, ela partiu das denúncias que vieram a público em 2003, através da mídia, após a invasão do Iraque pelas tropas norte-americanas, com a divulgação de imagens de torturas a que foram submetidos supostos presos de guerra. Kennedy investiga a fundo os fatos que envolveram oficiais do exército, políticos, advogados, especialistas em tortura, algozes e vítimas para compreender o processo de violação dos direitos humanos (tema que foi objeto de ampla e profunda discussão na Faculdade 2 de Julho dentro da Conferência Jaime Wright, realizada em outubro), e o desrespeito à Convenção de Genebra, também assinada pelos norte-americanos.
Trata-se, portanto, de questionar se a violência institucionalizada pelo país considerado como a maior potência econômica e militar do Planeta, e que se autoproclama a guardiã da democracia no mundo, não estaria conduzindo a humanidade à regressão da barbárie.
A mesa do CINE EM DEBATE será composta pelo jornalista e professor Derval Gramacho, mestrando em Cultura, Memória, Identidade e Desenvolvimento Regional pela UNEB, coordenador dos cursos de Comunicação Social da Faculdade 2 de Julho, como mediador; professora Verbena Córdula, doutora em Comunicação pela Universidade Complutense de Madri (Espanha), Editora Executiva do jornal Folha Salvador (F2J), como debatedora; e Antônio Câmara, sociólogo, doutor em Sociologia pela Universidade de Paris, professor de Sociologia da Arte no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia, como debatedor externo.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Programação 2008 - 2º semestre



TEMA: Violência e barbárie na Sociedade Contemporânea.

A escalada em nível mundial, nacional e local coloca o tema da violência na ordem do dia. Seja nas favelas ou bairros populares das grandes cidades brasileiras ou seja no Iraque e na Faixa de Gaza, no distante Oriente Médio, onde a tortura virou moeda corrente na abordagem de prisioneiros de guerra com fins de obter confissões de prisioneiros que foram vítimas da guerra e não seus promotores, e o assassinato a sangue frio, pura e simplesmente, banalizou-se, sendo objeto de exposição quase diária na mídia onde um ato de violência substitui na memória do leitor, do ouvinte, do telespectador, a violência anterior.

Na América Latina, tivemos no primeiro semestre deste ano o risco iminente de guerra envolvendo três países vizinhos do Brasil: Colômbia, Equador e Venezuela. O relaxamento destas tensões não diminui a violência interna de suas respectivas sociedades, particularmente da Colômbia, onde, ao contrário do que nos faz pensar a mídia brasileira, não só as FARC's, mas também as forças paramilitares e o próprio governo contribuem com seqüestros e assassinatos que desagregam a sociedade colombiana.

No Brasil a criminalidade cresce assustadoramente, principalmente nas grandes cidades, e particularmente a criminalidade vinculada ao narcotráfico que tem como epicentro a cidade do Rio de Janeiro. Nesta cidade, tivemos recentemente o fato gravíssimo de um agrupamento do Exército brasileiro entregar três jovens de uma favela a um grupo de narcotraficantes da favela vizinha. Não houve clemência nem mesmo diante dos pedidos dos jovens para que não fossem entregues a um grupo rival, pois a morte era certa.

Mas não nos enganemos, Salvador já vive cenas que acreditávamos serem cariocas, tais como, o toque de recolher, o pedágio cobrado por forças paramilitares, o assassinato de inocentes, seja pelo crime organizado, seja pela Polícia Militar. No primeiro mês do ano foram mortos pela Polícia baiana vários jovens da periferia da cidade, tornando a capital baiana capa de revista de circulação nacional pelo alto índice de violência. Os moradores das comunidades pobres já não sabem a quem devem temer mais: o bandido ou a Polícia, órgão do Estado onde grassa a corrupção e o envolvimento com o crime organizado que deveriam combater.

Na maioria dos casos, trata-se de crime contra a humanidade. Isto nos indica que estamos diante da perda da capacidade de julgar, que Kant qualificou como essência do Iluminismo, e, portanto, da capacidade de nos indignarmos contra o avanço indiscriminado da violência, de um retorno à barbárie que antecedeu e promoveu a Segunda Guerra Mundial.

Comprovada a relevância e atualidade do tema, o Projeto Cine em Debate, promovido pelo Colegiado do Curso de Comunicação Social, vem contribuir para uma discussão ampla e profunda sobre os caminhos do combate à violência e criminalidade no Brasil e no mundo, trazendo filmes ficcionais, que mais parecem documentários, sobre o Brasil e o mundo, e, filmes documentários, que mais parecem ficção, também sobre a violência no Brasil e espalhada pelo planeta.

Programação 2008 - 2º semestre

- Agosto- 27 (4ª) -Tropa de Elite - José Padilha; c/Wagner Moura

- Setembro - 25 (5ª) -Notícias de uma guerra particular -João Moreira Salles e Katia Lund (documentário)

- Outubro -28 (3ª) Senhor das Armas - Andrew Niccol; c /Nicolas Cage

- Novembro - 21 (6ª) -Os Fantasmas de Abu Graib -Rory Kennedy (documentário)

O Senhor das Armas – sessão 28-out



O Cine em Debate apresenta este mês de outubro, dia 28 (terça-feira), às 19h00min, no Auditório Cefas Jatobá da Faculdade 2 de Julho, a produção cinematográfica (2005) franco-americana O senhor das Armas (Lord of War), com direção e roteiro de Andrew Niccol e elenco composto por Nicolas Cage (Yuri Orlov), Ethan Hawke (Jack Valentine), Jared Leto (Vitaly Orlov), Bridget Moynahan (Ava Fontaine), entre outros.

A película se insere como uma nova abordagem sobre o tema adotado pelo Cine em Debate neste semestre, o problema da escalada da violência em nível local, nacional e internacional. Certamente esta regressão da sociedade contemporânea tem muito a ver com o tráfico internacional de armas, o argumento do filme.

A obra é uma produção independente do diretor e roteirista neozelandês Andrew Niccol que suou para obter os 42 milhões de dólares (Nicolas Cage é sócio na produção) para um filme que faz críticas aos EUA e demais membros do Conselho de Segurança da ONU. Os pais de Yuri Orloy (Nicolas Cage) são ucranianos que imigram para os EUA quando ele ainda era criança. Yuri, um garoto pobre e ambicioso, torna-se um poderoso e perigoso traficante internacional de armas que seduz seu próprio irmão a entrar no negócio e se tornar o seu braço direito, mas Vitaly (Jared Leto) não tem a personalidade ambígua (fria, cínica, mas profundamente amorosa com a família) do irmão e sucumbe às pressões e às dores do business de armas. O filme é cheio de alusões históricas, uma delas é O Caso Irã – Contras ocorrido durante o governo de Ronald Reagan que terminou em pizza. Outra é o anúncio pelo primeiro ministro Mikhail Gorbatchev da dissolução da União Soviética (1991), isto é, com o fim da Guerra Fria o que fazer com tantas armas? Yuri Orloy logo percebe que o caos instalado lhe traria ótimas oportunidades. Partindo da informação de que em cada 12 cidadãos no mundo um está armado, seu negócio é armar os outros 11. Não faltará um incorruptível inspetor da INTERPOL, o agente Jack Valentine (Ethan Hawke), a lhe pisar nos calcanhares.

A mesa do Cine em Debate nesta terça-feira próxima será composta por José Carlos Ribeiro, psicólogo, professor do curso de Comunicação Social da F2J nas disciplinas Psicologia da Comunicação e Psicologia do Consumidor, doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA, líder do GP Tecnologias Contemporâneas de Comunicação, reconhecido pelo CNPq, como mediador; por Rommel Robatto, advogado, professor do curso de Direito da F2J nas disciplinas Direito Constitucional e Direito Administrativo, mestre em Direito pela UFPE e doutorando em Direito pela Universidade Autônoma de Lisboa, como debatedor da instituição; e, por Jacimara Vieira, historiadora, especialista em Estudos Lingüísticos e Literários pela UEFS, mestre em Literatura e Diversidade Cultural pela mesma instituição, professora da disciplina Literatura e Outras Artes na UNEB (campus XXIV), como debatedora convidada de outra instituição.

Notícias de uma guerra particular - sessão 25-set


Notícias de uma guerra particular, dos diretores João Moreira Salles e Katia Lund, trata do problema da violência, do tráfico de drogas e da marginalização social de parcelas significativas da população carioca que vive nos morros, isto é, nas favelas. O filme procura apresentar a situação a partir dos diretamente envolvidos no problema: a polícia, os traficantes e, no meio deles, a população pobre, que paga impostos, mas não se beneficia em momento algum da ação do Estado.

O Cine em Debate, como sempre acontece, ocorrerá às 19h00min, no mini-auditório Cefas Jatobá. A mesa será composta por Suzane Costa, professora de Língua Portuguesa na F2J, graduada em Letras Vernáculas pela UNEB, mestre e doutoranda em Letras pela UFBA, na condição de mediadora do debate; por Marcela Antelo, psicanalista da Escola Brasileira de Psicanálise, professora, mestre em Filosofia e coordenadora do Núcleo de Cinema e Psicanálise da Biblioteca do Campo freudiano na Bahia, que atualmente dirige, como debatedora convidada externa; e por Jorge Lisboa, professor de Realidade Social, Política e Econômica Brasileira na F2J, graduado em Ciências Sociais, com ênfase em Sociologia, pela UFBA e mestre em Espaço, Tempo e Sociedade pela Université de Perpignan, na França, como convidado interno.

Desejamos a todos um bom filme e bom debate!