quinta-feira, 13 de maio de 2010

Escritos sobre Cinema

Por André Setaro

Comentarista cinematográfico desde agosto de 1974, no jornal soteropolitano Tribuna da Bahia (há, portanto, 36 anos), com uma coluna diária durante duas décadas (até 1994), entre diversas colaborações esparsas em outros jornais e revistas, há cerca de cinco anos, incentivado pelo amigo e escritor Carlos Ribeiro, resolvi fazer uma triagem de meus artigos para uma eventual publicação em livro. A garimpagem foi árdua e do resultado da pesquisa saiu este Escritos sobre Cinema - Trilogia de um tempo crítico, em três volumes. A edição é da Azougue (Rio de Janeiro) em parceria com a Edufba (Editora da Universidade Federal da Bahia), mas todo o projeto gráfico é de autoria desta última. A Azougue, além da impressão, ficou responsável pela distribuição dos livros nas livrarias das principais capitais brasileiras.

Com exceção de uma parte do terceiro volume, Introdução ao cinema, que é uma versão revista e ampliada dos dois primeiros capítulos de minha dissertação de mestrado, o que restou são escritos publicados na Tribuna da Bahia, no extinto Suplemento Cultural de A Tarde, na revista eletrônica Terra Magazine. A maioria, no entanto, faz parte do acervo da Tribuna.

Em 1994, constatando que os filmes lançados no mercado exibidor já não me motivavam mais a fazer um acompanhamento diário, limitei-me a escrever apenas uma coluna num dia específico da semana. A infantilização temática era a tônica dos filmes apresentados no circuito exibidor. E os grandes diretores do cinema americano estavam já mortos ou aposentados. E, nesta época, somente existia uma sala dita alternativa na cidade: a Sala Walter da Silveira. A maioria das obras cinematográficas importantes, principalmente as oriundas da Europa, ficavam restritas ao eixo Rio-São Paulo. A partir do alvorecer dos anos 2000, com a entrada em cena da Sala de Arte do Bahiano, o circuito alternativo tomou novos rumos e se multiplicou, dando aos cinéfilos baianos um leque de opções mais abrangente.

Escritos sobre Cinema - Trilogia de um tempo crítico se divide, portanto em três volumes. No primeiro, depoimentos e comentários de filmes e artigos sobre diretores, no segundo, textos sobre o cinema baiano e as pessoas que o fazem realidade, e, no terceiro, escritos diversos, alguma reflexão sobre a linguagem e a estética cinematográficas, e um texto que procura fazer uma pequena introdução à arte do filme.

Tive a honra de ter como autor do prefácio o excelente crítico da Folha de São Paulo Inácio Araújo, que, com muita gentileza e boa vontade, acolheu com certa ênfase os escritos que lhe foram dados a ler.

Cinema – Sessão Especial!


O Cineclube Cine em Debate, vinculado ao Colegiado do curso de Comunicação Social da Faculdade 2 de Julho, realiza no próximo dia 17 (segunda-feira) uma sessão especial. O evento começa às 18h com o relançamento da obra Escritos sobre Cinema – Trilogia de um tempo crítico, do professor e crítico de cinema André Setaro, com noite de autógrafos na sala dos professores do referido curso. Às 19h, a atividade prossegue com a exibição do documentário A batalha do Chile: a insurreição da burguesia, do diretor chileno Patricio Guzmán, no auditório Cefas Jatobá. Após o filme, uma mesa composta pelos prof. André Setaro (UFBA) e prof. Muniz Ferreira (UFBA), tendo o prof. Augusto Sá (F2J) como mediador, debaterá com o público presente a obra exibida. A atividade é gratuita e aberta ao público em geral.

sexta-feira, 12 de março de 2010

D E B A T E :

Filme: Cabra marcado para morrer
Diretor: Eduardo Coutinho
Gênero: Documentário
Origem: Brasil

MESA:
Debatedor: Prof. Dr. Antônio Câmara (UFBA)
Debatedor: Prof. Ms. André Holanda (F2J)
Mediador: Prof. Ms. Jorge Lisboa (F2J)

Local: Auditório Cefas Jatobá
Data : 17/março (4ª feira)
Hora : 19h00


BLOG: cineemdebatef2j.blogspot.com

P R O G R A M A Ç Ã O : 2010 - 1º semestre

País: Brasil
Filme: Um cabra marcado para morrer
Diretor: Eduardo Coutinho
Data: 17/mar

País: Argentina
Filme: Café dos maestros
Diretor: Miguel Kohan
Data: 10/abr

País: Chile
Filme: A batalha do Chile
Diretor: Patrício Guzmán
Data: POLICOM

País: Brasil/Cuba
Filme: Soy Cuba, o mamute siberiano
Diretor: Vicente Ferraz
Data: 01/jun

BLOG: cineemdebatef2j.blogspot.com


Augusto Sá,
Professor,
Coordenador Executivo
Cineclube Cine em Debate

Derval Gramacho,
Professor,
Coordenador
Curso de Comunicação Social
Faculdade 2 de Julho.

O cinema documentário na América Latina

Não são raros os depoimentos de brasileiros que só se reconheceram latino-americanos quando estavam vivendo na Europa. A “ideia” de América Latina é fruto da “invenção” ideológica de colonizadores e exploradores europeus, no século XIX, sobretudo pela França napoleônica, interessada em demarcar sua área de influência na América (latina), e pelo novo país americano, os Estados Unidos da América, que logo estabeleceu como legítimo no seu “destino manifesto” dominar os demais povos (“inferiores”) ao sul do rio Bravo, chamados latinos. O “destino manifesto” (“A pura raça anglo-americana está destinada a estender-se por todo o mundo com a força de um tufão. A raça hispano-mourisca será abatida”) logo mostrou a sua verdadeira face, quando os Estados Unidos, já tendo anexado o Texas em 1836, entraram em guerra contra o México (1846-48), usurpando metade do território do vizinho.

Partindo da “ideia” de América Latina, muitos de nossos intelectuais e líderes políticos deram ao conceito um caráter positivo. Simon Bolívar jurou, na Itália, lutar pela independência das colônias americanas a fim de criar a república da “Gran Colômbia”, que reuniria em seu território o que hoje pertence a vários países da América do Sul. José Martí, poeta e líder político cubano, pensou a “nuestra América” independente das potências européias decadentes, mas, também, livre do jugo imperialista da potência nascente do grande irmão do Norte. José Carlos Mariátegui, jornalista e militante político peruano, defendeu a Indo-América livre da dominação capitalista. Ernesto “Che” Guevara, argentino de nascimento, entregou a sua vida pela causa dos povos explorados da América Latina. Com passagem pela Guatemala, México e Cuba, onde participou da guerrilha que realizou a revolução de 1 de janeiro de 1959, “Che” foi dirigente do estado socialista cubano até entregar seus cargos e condecorações para embrenhar-se em uma nova guerrilha na selva boliviana, onde foi covardemente assassinado, em outubro de 1967, após ter sido ferido e encontrar-se preso.

Em livro recentemente publicado (Latino-americanos à procura de um lugar neste século. SP, Iluminuras, 2008.), o antropólogo argentino, radicado no México, Néstor Canclini, nos pergunta: quem somos nós, os latino-americanos? Esta resposta, creio, embora já tenha uma longa história, como vimos acima, está em construção e dela participam intelectuais, artistas, políticos e todos povos dos países ao sul do rio Bravo. Nós, do curso de Comunicação Social da Faculdade 2 de Julho, estamos dando nossa contribuição nesta discussão e na busca desta resposta. O III POLICOM (Congresso de Comunicação Social e Políticas Culturais) dedica-se ao documentário na América Latina, tendo como tema central: “Cartografia do documentário na América Latina”. O Cineclube Cine em Debate, acompanhando este esforço, vai na mesma direção e faz deste semestre um período dedicado à exibição e discussão do documentário na América Latina. Para isto, fomos buscar, em alguns dos principais países produtores, obras de excelência que enriquecem a produção do cinema documentário no mundo, bem como ampliam a esfera de nossa formação cultural.