sábado, 1 de dezembro de 2012

As alegorias e o sarcasmo do sr. Buñuel


                                        
O Cineclube Cine em Debate exibiu na quinta-feira passada o filme O discreto charme da burguesia do cineasta Luis Buñuel e contou com a presença do cineasta e documentarista Carlos Pronzato, mais um porteño radicado na Bahia, e dos professores da F2J, André Holanda e Augusto Sá. O filme encerra as atividades do Cine em Debate neste semestre e foi apresentado como contribuição de um dos principais realizadores do surrealismo no cinema, Buñuel.

Dedicado a resgatar e discutir alguns dos principais movimentos cinematográficos no século XX, o Cineclube Cine em Debate apresentou, durante este semestre, filmes vinculados ao Cinema Novo (Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos), à Nouvelle Vague (Hiroshima, meu amor, de Alain Resnais), ao Neorealismo Italiano (Ladrões de bicicleta, de Vittorio De Sica), finalizando com o Surrealismo na obra do controverso Buñuel.

O cineasta começou sua vida ligada ao cinema, nos anos de 1920, na Espanha, fundando um cineclube. Em 1929, dirige o filme Um cão andaluz, roteiro escrito em parceria com o pintor Salvador Dalí, e A idade do ouro (1930), também fruto da mesma parceria, filmes incluídos na lista dos que são considerados como aqueles que implantaram o Surrealismo no cinema.

De forte personalidade anticlerical, a quem se atribuiu frases como “sou ateu graças a Deus” ou “a Igreja traiu Cristo”, Buñuel atacou o cinismo e a hipocrisia da igreja (em O discreto charme ... o bispo mata com um tiro na cabeça o moribundo a quem acabara de dar a extrema-unção) e do fascismo (no mesmo filme, o embaixador liberta a jovem revolucionária, sob um discurso humanista e piedoso, enquanto, da janela, acena para que seus asseclas sequestrem e matem a mesma jovem). Para ele, Igreja e fascismo andavam de mãos dadas.

Ao lado de outros cineastas, Buñuel foi um crítico mordaz da burguesia. Em O discreto charme ..., Buñuel, através de situações surreais e oníricas, crítica a falta de perspectiva de classe da burguesia e o vazio existencial de cada um dos personagens, apresentando um jantar que nunca se realiza (depois de várias tentativas, ao final, os personagens são mortos à mesa, sem conseguirem jantar) e uma estrada que não chega a lugar algum (novamente, os personagens vagueiam, numa estrada reta cujo horizonte aponta para o nada).

Resta-nos de Buñuel a lapidar frase de Glauber Rocha, escrita em 1962, quando ainda era um jovem crítico de cinema na Bahia, antes, portanto, da sua fama internacional como cineasta, alcançada com o filme Deus e o diabo na terra do sol: “O último maldito, Buñuel não terá seguidores!”.

Um fato a destacar na sessão foi a evasão de estudantes, acima da média, durante a exibição do filme. Buñuel não é mesmo um cineasta didático, costumava confundir a direita e a esquerda, e nem o Cine em Debate é um Cineclube voltado para o cinema mainstream. Ao contrário, nosso objetivo sempre foi e continuará sendo a formação de plateias para o cinema que traga contribuições revolucionárias à estética e à linguagem cinematográficas, bem como aos temas sociais e políticos.

 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Programação de novembro


O Cineclube Cine em Debate apresenta o cineasta espanhol, naturalizado mexicano, um dos principais líderes do movimento Surrealista no cinema, em um clássico do cinema mundial.


Filme: O discreto charme da burguesia
Diretor: Luis Buñuel
Data: 29/nov Hora: 19h.
Local: Auditório Cefas Jatobá

                             Debate:

Debatedores: Carlos Pronzato (cineasta argentino)
                       Prof. André Holanda (F2J)
Mediador:       Prof. Augusto Sá Oliveira (F2J)



Aberto ao público – Entrada franca.



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

D E B A T E :

LADRÕES DE BICICLETA

O Cineclube Cine em Debate apresenta dia 23 de outubro (3ª feira), às 19h, no auditório Cefas Jatobá, na Faculdade 2 de Julho, o filme Ladrões de bicicleta, de Vittorio De Sica, clássico do neorealismo italiano, de 1948. Em seguida, será aberto um debate entre a mesa e o público. A mesa contará com a presença das professoras Ana Carolina Castellucio e Daniela Souza como debatedoras e do professor Augusto Sá Oliveira como mediador. Esperamos que o debate presencial possa prosseguir virtualmente neste blog com comentários e sugestões do público.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Cineclube Cine em Debate

Apresenta:

Ladrões de bicicleta


O Cineclube Cine em Debate apresentará no dia 23 de outubro próximo (terça-feira), às 19h, no auditório Cefas Jatobá da Faculdade 2 de Julho, o longa-metragem Ladrões de bicicleta, (Ladri di biciclette) produção italiana (1948), do diretor Vittorio De Sica. O filme é um dos clássicos do Neorealismo italiano, nova tendência do cinema na Itália pós IIª Guerra Mundial (1939-1945), quando a economia do país se encontrava arrasada. Vivendo uma forte crise, com elevadas taxas de desemprego, a Itália era um país em estado de desespero e depressão coletiva. Nestas circunstâncias, muitos operários que tinham qualificações tradicionais não conseguiam encontrar colocação no mercado de trabalho porque o setor mais dinâmico da economia requeria qualificações modernas. Neste cenário de desesperança, o operário Ricci, personagem central da trama de De Sica, está desempregado há dois anos e suas expectativas são mínimas, quando é convidado a ocupar a vaga de colador de cartazes dos filmes de Hollywood, a “fábrica de sonhos”, cuja sanha expansionista, no mundo real, avançava sobre o território europeu no pós-guerra, mesmo naqueles países que tradicionalmente tinham uma indústria cinematográfica consolidada como a França, Itália, Alemanha e Inglaterra. Para assumir a vaga de emprego, Ricci precisava ter uma bicicleta, um instrumento de trabalho para realizar a tarefa de colar de cartazes, mas ele não tinha. Desesperado com a possibilidade de perder a vaga, Ricci afirma, perante o funcionário do governo, possuir bicicleta. E a consegue com muito esforço. Ao ter sua bicicleta roubada, Ricci perde o seu equipamento de trabalho e a possibilidade de ser um trabalhador, de ter emprego e salário, condição sine qua non para quem vive do trabalho, isto é, da venda de sua mercadoria “força de trabalho”, na sociedade capitalista. Este é o calvário que terá que enfrentar Ricci. Através dele, De Sica coloca o espectador diante da tragédia humana, a impossibilidade de sobrevivência numa sociedade capitalista dilacerada pela guerra.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Leituras cinematográficas


O Prof. Dr. Augusto Sá Oliveira estará ministrando o curso de extensão "Leituras cinematográficas: Estética e linguagem do cinema".
Informações completas e inscrições podem ser obtidas através do site www.f2j.edu.br e do telefone 3114.3409 (falar com Paula Reis).

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos

Vidas secas (1963), do cineasta brasileiro Nelson Pereira dos Santos, adaptado do romance homônimo de Graciliano Ramos (1938) foi o filme de abertura da programação do Cineclube Cine em Debate este semestre. A sessão aconteceu dia 29/agosto (4ª feira), às 19h, no auditório Cefas Jatobá da Faculdade 2 de Julho. Com o auditório repleto de estudantes e professores dos cursos de Comunicação Social e Administração, à exibição de Vidas secas seguiu-se o debate sobre o filme com a mesa formada pelos debatedores prof. André Holanda e profa. Eliéte Santos, e o mediador prof. Augusto Sá Oliveira. Vidas secas, considerado um dos filmes fundadores do Cinema Novo, juntamente com Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Os Fuzis, de Ruy Guerra, abre uma Programação que é dedicada a alguns dos principais movimentos do cinema no século XX, tais como a Nouvelle Vague, o Neorrealismo italiano, o Surrealismo. Em setembro, um filme de destaque da Nouvelle Vague será apresentado. Aguardem!