O Cineclube Cine em
Debate exibiu na quinta-feira passada o filme O discreto charme da burguesia do cineasta Luis Buñuel e contou com
a presença do cineasta e documentarista Carlos Pronzato, mais um porteño radicado na Bahia, e dos
professores da F2J, André Holanda e Augusto Sá. O filme encerra as atividades
do Cine em
Debate neste semestre e foi apresentado como contribuição de um dos
principais realizadores do surrealismo no cinema, Buñuel.
Dedicado a resgatar
e discutir alguns dos principais movimentos cinematográficos no século XX, o Cineclube Cine em
Debate apresentou, durante este semestre, filmes vinculados ao Cinema Novo (Vidas secas, de Nelson
Pereira dos Santos), à Nouvelle Vague (Hiroshima, meu amor,
de Alain Resnais), ao Neorealismo
Italiano (Ladrões de bicicleta, de Vittorio De Sica), finalizando com o
Surrealismo na obra do controverso Buñuel.
O cineasta
começou sua vida ligada ao cinema, nos anos de 1920, na Espanha, fundando um
cineclube. Em 1929, dirige o filme Um cão
andaluz, roteiro escrito em parceria com o pintor Salvador Dalí, e A idade do ouro (1930), também fruto da
mesma parceria, filmes incluídos na lista dos que são considerados como aqueles
que implantaram o Surrealismo no cinema.
De forte
personalidade anticlerical, a quem se atribuiu frases como “sou ateu graças a
Deus” ou “a Igreja traiu Cristo”, Buñuel atacou o cinismo e a hipocrisia da
igreja (em O discreto charme ... o
bispo mata com um tiro na cabeça o moribundo a quem acabara de dar a
extrema-unção) e do fascismo (no mesmo filme, o embaixador liberta a jovem
revolucionária, sob um discurso humanista e piedoso, enquanto, da janela, acena
para que seus asseclas sequestrem e matem a mesma jovem). Para ele, Igreja e
fascismo andavam de mãos dadas.
Ao lado de
outros cineastas, Buñuel foi um crítico mordaz da burguesia. Em O discreto charme ..., Buñuel, através
de situações surreais e oníricas, crítica a falta de perspectiva de classe da
burguesia e o vazio existencial de cada um dos personagens, apresentando um
jantar que nunca se realiza (depois de várias tentativas, ao final, os
personagens são mortos à mesa, sem conseguirem jantar) e uma estrada que não
chega a lugar algum (novamente, os personagens vagueiam, numa estrada reta cujo
horizonte aponta para o nada).
Resta-nos de
Buñuel a lapidar frase de Glauber Rocha, escrita em 1962, quando ainda era um
jovem crítico de cinema na Bahia, antes, portanto, da sua fama internacional
como cineasta, alcançada com o filme Deus
e o diabo na terra do sol: “O último maldito, Buñuel não terá seguidores!”.
Um fato a
destacar na sessão foi a evasão de estudantes, acima da média, durante a
exibição do filme. Buñuel não é mesmo um cineasta didático, costumava confundir
a direita e a esquerda, e nem o Cine em Debate é um Cineclube voltado para o
cinema mainstream. Ao contrário,
nosso objetivo sempre foi e continuará sendo a formação de plateias para o
cinema que traga contribuições revolucionárias à estética e à linguagem
cinematográficas, bem como aos temas sociais e políticos.
Um comentário:
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Hunter Abbassi
obst und gemüsereiniger
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