terça-feira, 16 de outubro de 2012

Cineclube Cine em Debate

Apresenta:

Ladrões de bicicleta


O Cineclube Cine em Debate apresentará no dia 23 de outubro próximo (terça-feira), às 19h, no auditório Cefas Jatobá da Faculdade 2 de Julho, o longa-metragem Ladrões de bicicleta, (Ladri di biciclette) produção italiana (1948), do diretor Vittorio De Sica. O filme é um dos clássicos do Neorealismo italiano, nova tendência do cinema na Itália pós IIª Guerra Mundial (1939-1945), quando a economia do país se encontrava arrasada. Vivendo uma forte crise, com elevadas taxas de desemprego, a Itália era um país em estado de desespero e depressão coletiva. Nestas circunstâncias, muitos operários que tinham qualificações tradicionais não conseguiam encontrar colocação no mercado de trabalho porque o setor mais dinâmico da economia requeria qualificações modernas. Neste cenário de desesperança, o operário Ricci, personagem central da trama de De Sica, está desempregado há dois anos e suas expectativas são mínimas, quando é convidado a ocupar a vaga de colador de cartazes dos filmes de Hollywood, a “fábrica de sonhos”, cuja sanha expansionista, no mundo real, avançava sobre o território europeu no pós-guerra, mesmo naqueles países que tradicionalmente tinham uma indústria cinematográfica consolidada como a França, Itália, Alemanha e Inglaterra. Para assumir a vaga de emprego, Ricci precisava ter uma bicicleta, um instrumento de trabalho para realizar a tarefa de colar de cartazes, mas ele não tinha. Desesperado com a possibilidade de perder a vaga, Ricci afirma, perante o funcionário do governo, possuir bicicleta. E a consegue com muito esforço. Ao ter sua bicicleta roubada, Ricci perde o seu equipamento de trabalho e a possibilidade de ser um trabalhador, de ter emprego e salário, condição sine qua non para quem vive do trabalho, isto é, da venda de sua mercadoria “força de trabalho”, na sociedade capitalista. Este é o calvário que terá que enfrentar Ricci. Através dele, De Sica coloca o espectador diante da tragédia humana, a impossibilidade de sobrevivência numa sociedade capitalista dilacerada pela guerra.

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